O Projeto Leia Brasil acabou: carta aberta de Ezequiel Theodoro da Silva

A LEITURA VAI MORRENDO PELO CAMINHO. QUE DESGRAÇA!

Soube, hoje, do encerramento das atividades do LEIA BRASIL. Não posso deixar de vir a público para expressar a minha imensa tristeza diante deste acontecimento. Ao mesmo tempo, para demonstrar a minha intranquilidade a respeito do destino da leitura neste país.

Ao longo de minhas lutas por mais e melhores leituras para o povo brasileiro, sempre defendi a necessidade de uma "frente" constituída por uma grande - e diversa - quantidade de entidades (públicas e privadas) voltadas ao estudo e à promoção da leitura. A razão é mais do que óbvia: a vergonhosa, a horripilante paisagem que atualmente resulta dos descuidos e descasos dos governos brasileiros em relação ao desenvolvimento das práticas de leitura.

Em 2010, terceiro milênio, em meio às sociedades de informação e do conhecimento, o Brasil apresenta o terceiro PIOR nível de desigualdade de renda do mundo e um quadro sombrio expressando o número de leitores reais. A ferida do analfabetismo continua estuporada. Os iletrados funcionais representam quase a metade da população do país. A débil e debilitada rede de bibliotecas (públicas e escolares) nem de leve, nem de longe alimenta a promoção da leitura. Isto tudo a despeito dos incessantes - mas descontínuos, burocratizados e depauperados - programas de enfrentamento dessa questão.

Um dos efeitos básicos da leitura é a qualificação, para melhor, das decisões e ações dos indivíduos, robustecendo-lhes a cidadania. Outros países sabem disso e não perdem de vista o decisivo apoio aos trabalhos das entidades que indistintamente preservam e dinamizam os seus bens culturais escritos junto à população. No Brasil, infelizmente, ou se repete o erro de repetir políticas caolhas de apoio ao que não dá e nunca deu certo, ou se vira a cara para assistir, de camarote, talvez cinicamente rindo por dentro, à morte e ao sepultamento de importantes entidades culturais.

O valor do LEIA BRASIL advém da continuidade da iniciativa pioneira de Mário de Andrade de itinerar a leitura por entre escolas e comunidades através de caminhões. Um trabalho com professores e com estudantes de toda a comunidade escolar visitada para descobrir e experimentar algumas delícias do ato de ler. Advém também de um conjunto considerável de publicações (Leituras Compartilhadas, coleções de livros, CDs, DVDs, entrevistas, filmagens, etc.), de um poderoso portal de serviços pela Internet, de significativa participação em eventos nas várias regiões do país, de estudos e pesquisas, etc. Quer dizer, a entidade consolidou, historicamente, um "patrimônio" importantíssimo sobre as dinâmicas e os processos de leitura no Brasil - um patrimônio que seguramente vai pro brejo por falta de um olhar de natureza solidária, profissional, sensível dos organismos de apoio ou de patrocínio.

Não quero discutir e nem condenar as razões que levaram Jason Prado, o idealizador e coordenador do LEIA BRASIL, a essa decisão. Quero, isto sim, evidenciar aos leitores deste texto que a morte de uma entidade representa não apenas a permanência do nosso evidente atraso cultural na área, mas fundamentalmente o imenso desvio dos rumos que nos conduzem à conquista do direito à leitura, o que o fundo e à inversa, significa o alastramento da idiotice - ou muita esperteza cínica - nas esferas responsáveis pela educação e cultura no Brasil. E, por tabela ou como reflexo, o alastramento da idiotice por toda a sociedade.

EZEQUIEL THEODORO DA SILVA
Cidadão brasileiro, "de luto"
http://www.leituracritica.com.br/

Livro para download: "“Novas Tecnologias de Informação e Comunicação em Redes Educativas"

Neste livro, 15 professores apresentam sua sua experiência na produção de mídia com alunos. Os professores gentilmente doaram os textos para este livro. A idéia principal do livro é motivar professores a produzir mídia com os alunos.

É de graça para os que desejarem baixar.

Prefácio: Nilda Alves (UERJ), Rosa Fischer Bueno (UFRGS), Rosalia Maria (PUC), Tânia Maria Esperon (UFPEL) e Liraucio Girardi (UNESP).
Texto de abertura: Ismar de Oliveira Soares (USP).
Organização: Josias Pereira (UNIFAMMA/Maringá)

Disponível em: http://erdfilmes1.dominiotemporario.com/doc/novas_tecnologiabook.pdf

Aniversário do blog Linguagem e Docência

Hoje, dia 27 de julho de 2010, o blog Linguagem e Docência está soprando a sua primeira velinha de aniversário.

Minha intenção ao criá-lo foi simplesmente fazer de forma mais organizada e ampliada o que eu já fazia através de e-mail: repassar “informações, reflexões e práticas no campo do Letramento Digital, Ensino de Língua Portuguesa e Formação de Professores”.

Mas confesso que a decisão de criar um blog não foi tão simples assim para mim. Uma preconceituosa resistência da minha parte adiou bastante o início desta empreitada. Porém, esta barreira foi sendo superada à medida que fui entendendo melhor os limites e as possibilidades de um blog.

Dentre outras coisas, descobri que poderia construir um espaço de compartilhamento de informações e reflexões num blog sem que, necessariamente, ele fosse explicitamente autoral, opinativo ou subjetivo – atributos tradicionalmente característicos de um blog. Todavia, entendo que esta “linha editorial” não descredencia a divulgação que procuro fazer no blog do percurso profissional meu e do Grupo de Pesquisa FELIP – Formação e Ensino em Língua Portuguesa (UEL-DGP/CNPq), que coordeno juntamente com a Profa. Alba Maria Perfeito.

Mesmo sem maiores pretensões, ao longo deste período o blog Linguagem e Docência acumulou alguns números que merecem registro. Vejamos:
7.347 visitas | média de 20,13 visitas/dia;
5.372 visitantes;
141 postagens;
58 seguidores no Google Friend Connect;
82 assinantes do Feedburner (postagens atualizadas via e-mail);
32 países e 259 cidades brasileiras visitaram o blog.

Finalizando, quero agradecer a todos vocês que, de uma forma ou de outra, ajudaram a construir este belo percurso de 1 ano do blog Linguagem e Docência.

De coração, muito obrigado!

Literatura na escola: programa de leituras para 6º a 9º ano


A partir do 6º ano, os alunos passam a ter um contato mais complexo com a literatura. Além de continuar lendo para ampliar o repertório de obras e autores conhecidos, nesta fase começam a estudar a literatura em si. A principal mudança com relação ao conteúdo dos anos anteriores é que a análise e a reflexão sobre o enredo, os recursos linguísticos e o contexto das obras literárias passam a ser objetos de ensino.

Para ajudar você a planejar as aulas de literatura, preparamos um programa completo de literatura para 6º a 9º ano, com a consultoria de Helena Weisz e Regiane Magalhães Boainain. Para cada ano, foram selecionadas quatro obras - que podem ser trabalhadas uma por bimestre. Por meio delas, a turma vai aprender a analisar a literatura e refletir sobre a língua escrita, em aulas interessantes e desafiadoras.

Confira na Nova Escola deste mês: http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/literatura-escola-programa-leituras-6o-ano-549447.shtml

Cadastramento de docentes interessados em compor o Banco de Elaboradores do BNI-ENADE

Prezado(a) Professor(a),

Informamos que esta aberto o sistema de cadastramento de docentes interessados em compor o Banco de Elaboradores do Banco Nacional de Itens do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (BNI-ENADE).

O sistema de cadastramento insere-se em um processo mais amplo de estruturacao para que o INEP assuma diretamente a responsabilidade pela formulacao dos seus instrumentos de avaliacao, constituindo, para tal, um sistema de elaboracao e revisao de itens. Tem-se como intuito, tambem, aumentar a participacao da comunidade academica de todo o Brasil nos processos de avaliacao educacional desenvolvidos por este Instituto.

Os interessados poderao se cadastrar no periodo de 19 a 28 de julho de 2010 no endereco eletronico www.inep.gov.br. O Edital de Credenciamento, que contem as condicoes de cadastramento, selecao, convocacao e demais informacoes relevantes ao processo, assim como o Cronograma de Atividades do BNI Enade 2010, estao disponiveis na pagina de inscricao.

Por fim, solicitamos sua colaboracao na divulgacao do sistema BNI Enade 2010 entre colegas e demais docentes, e desde ja agradecemos a valiosa colaboracao no processo.

Atenciosamente,

Coordenacao-Geral do Enade
Diretoria de Avaliacao da Educacao Superior - DAES
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anisio Teixeira - INEP
Ministerio da Educacao - MEC

- texto propositalmente sem acentuacao grafica -

Criar filhos em um ambiente rodeado de livros é benéfico para a educação deles, mostra estudo

Estudo internacional analisa a relação entre leitura e escolaridade em 27 países. O resultado indica: quanto mais livros houver em uma casa, mais anos de escolaridade tenderá a ter a criança que nela crescer.


Crianças que crescem rodeadas por livros podem ter até três anos a mais de escolaridade, independentemente da formação ou ocupação de seus pais. Esse foi o resultado apontado pelo maior estudo já feito sobre a relação entre os livros no ambiente doméstico e a educação escolar.

O artigo, publicado na revista Research in Social Stratification and Mobility, mostra que pessoas que cresceram em casas com até 500 livros têm 33% a mais de chance de concluir o ensino fundamental e 19% de se graduar numa universidade. Para chegar a esses números, pesquisadores americanos ouviram mais de 70 mil pessoas em países como China, Rússia, França, Portugal, Chile e África do Sul. [...]

A partir da pesquisa, eles defendem que políticas de estado sejam desenvolvidas para incentivar a educação.

A proposta é que se meça a quantidade de livros em cada casa de família e, de acordo com o resultado, o governo providencie mais exemplares para onde houver poucos. No trabalho, a socióloga argumenta que tal medida seria eficaz até mesmo para o desenvolvimento educacional e econômico de algumas comunidades rurais.
[...]

Foto: flickr.com/Ozyman – CC NC-SA 2.0.
Leia na íntegra a matéria de Larissa Rangel para o Ciência Hoje On-line em http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2010/07/livros-levam-mais-longe

Aluno de pós poderá acumular bolsa e atividade remunerada

Alunos de pós-graduação do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico Tecnológico) e da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) poderão agora acumular suas bolsas com outras atividades remuneradas.

A "antiga reivindicação dos bolsistas", nas palavras dos CNPq, foi atendida nesta sexta-feira (16), quando uma portaria assinada pelos presidentes dos órgãos, Carlos Aragão, do CNPq, e Jorge Guimarães, da Capes, foi publicada no Diário Oficial da União.

As atividades, porém, terão de ser aprovadas pelos orientadores e informadas aos programas de pós-graduação. Devem estar "relacionadas à área" do estudante e ser "de interesse para sua formação", diz a portaria.

O texto cita "especialmente [atividades de] docência nos ensinos de qualquer grau".

Leia na íntegra a matéria de Ricardo Mioto para a Folha de São Paulo, 16/07/2010, em http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/768189-aluno-de-pos-podera-acumular-bolsa-e-atividade-remunerada.shtml

Teste seletivo (professor temporário) para 2 vagas em Metodologia e Prática de Ensino do Departamento de Letras da UEL

A Universidade Estadual de Londrina, por meio do Edital 181/2010 – PRORH/TS, torna público que estarão abertas, de 19 a 23/07/2010, inscrições para Teste Seletivo Público Para Contratação de Professor Colaborador (também chamado de Professor Temporário).

Dentre as vagas existentes, há 1 (uma) vaga de 20h e 1 (uma) vaga de 40h para a área de Metodologia e Prática de Ensino de Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa.

Maiores informações: http://www.uel.br/prorh/selecao/ts/abertura/181_2010_abert.pdf

"Faltam bibliotecas em Londrina": entrevista concedida à RPC-TV Coroados (TV Globo-Londrina)

Professor Núbio Mafra (UEL) comenta pesquisa que diagnosticou o problema que atinge a cidade e também outros municípios do Paraná

Programa Paraná TV 1ª Edição. Apresentadora: Patrícia Piveta. 16/07/2010. Disponível originalmente em: http://www.rpctv.com.br/coroados/video.phtml?Video_ID=92093&tipo=

"Cenário preocupante: 445 cidades brasileiras não têm biblioteca municipal", entrevista concedida à Folha de Londrina

É o que revela pesquisa realizada pela FGV a pedido do Ministério da Cultura; no Paraná, 67 municípios ainda não disponibilizam o espaço

O poeta Carlos Drummond de Andrade dizia: ''A leitura é uma fonte inesgotável de prazer, mas por incrível que pareça a quase totalidade não sente esta sede.'' A frase traduz a realidade atual do País. A pesquisa ''Retratos da Leitura'', realizada pelo Instituto Pró-livro, mostra que os brasileiros leem em média 1,3 livro por ano, incluindo as obras didáticas e pedagógicas. Nos Estados Unidos, por exemplo, esse índice é de 11.

A pedido do Ministério da Cultura, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) desenvolveu o 1º Censo das Bibliotecas Públicas. E os resultados são preocupantes. Para se ter uma ideia, 445 cidades brasileiras não contam com bibliotecas municipais. No Paraná, são 67. E, enquanto Curitiba se destaca como o município com o maior número de bibliotecas para cada 100 mil habitantes do Estado, Londrina apresenta o pior índice.

Foto: Eduardo Anizelli
''A cidade, apesar de ter uma boa Biblioteca Municipal, enfrenta o problema a exemplo do restante do País. É preciso haver investimento público, chamando os profissionais que atuam diretamente com a leitura, como bibliotecários, editores e professores, a buscar soluções para o problema. Muitas vezes os projetos não são devidamente discutidos com segmentos importantes'', afirma o professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL) Núbio Mafra, que é vinculado à linha de pesquisa Ensino/Aprendizagem e Formação do Professor de Língua Portuguesa.

Nesta entrevista, ele afirma que ''o problema torna-se mais agudo com a cultura de leitura da contemporaneidade, que prioriza cada vez mais a simplificação do texto.'' Questionado sobre como a família pode incentivar o hábito na vida da criança, Mafra diz que não tem como despertar o prazer da leitura se os pais não leem. ''É importante propiciar situações em que o texto seja tratado de forma significativa'', observa o professor.

A que o senhor atribui o número de cidades brasileiras sem bibliotecas, como mostrou a pesquisa?
A pesquisa apresenta um cenário bastante preocupante. Na contemporaneidade nós temos um processo de letramento mais amplo. Junto com o livro há outras linguagens incorporadas ao cotidiano, como as envolvidas na relação com a internet. É preocupante pensar que temos um desafio mais ampliado do que a questão das bibliotecas municipais. Temos que pensar em espaços multimídias para o desafio da contemporaneidade no campo da linguagem. E não estamos conseguindo nem dar conta do 'feijão com arroz'.

E por que não?
Sem dúvida as políticas públicas têm uma importância bastante grande nesse sentido. De acordo com a pesquisa do Ministério da Cultura, cinco municípios sinalizaram que não têm interesse em receber uma biblioteca. Os próprios gestores desconsideram essa possibilidade. Outro aspecto que me chamou a atenção é a estrutura das bibliotecas já existentes que está muito aquém do desejado. Há uma precariedade no uso dos computadores nesses ambientes. Percebo que mais do que um problema de ação do poder público há uma cultura que não incentiva essas questões.

Qual a melhor forma de incentivar a prática da leitura?
Essa ação precisa ser capitaniada pelo Estado, mas não se encerra nele. Deve haver interferência da família, da sociedade de forma geral e, naturalmente, da escola. São ações que precisam atuar nos diferentes campos. O problema torna-se mais agudo com a cultura de leitura da contemporaneidade, que prioriza cada vez mais a simplificação do texto.
Recentemente li uma entrevista com um historiador americano que trabalha com o hábito da leitura em que ele diz que as pessoas cada vez mais estão tendo dificuldades de parar para ler qualquer coisa que demanda muito tempo. A fugacidade e a informação rápida são importantes, mas estamos correndo o risco de formar sujeitos leitores só por esse caminho.

Como a família pode despertar o gosto da criança pela leitura?
O hábito tem que se tornar algo menos ''importante'' para não ficar em um patamar de seriedade e de distanciamento. Claro que a leitura é importante, mas devemos tratá-la como algo mais casual e, se possível, mais ''ordinário'' para a nossa vida. Eu acho que esse é um caminho. Mas definitivamente não tem como despertar o prazer da leitura nas crianças se os próprios pais não leem. É importante propiciar situações em que o texto seja tratado de forma significativa.

Para muita gente a leitura é uma atividade chata e cansativa. Talvez isso aconteça pela falta de incentivo e de exemplo dos pais?
A leitura é uma prática marcadamente sociocultural. Hoje ela se torna ainda mais importante por conta da fragmentação do texto e da fugacidade das informações. Dentro da estrutura de textos encontrados na internet, o fascínio pela leitura fica detido e o trabalho se torna cada vez mais difícil de se desenvolver. Assim como a escola, a família também desempenha o papel de formadora. E o grande diferencial da leitura é humanização no âmbito de um sujeito mais reflexivo e pró-ativo, que tem mais qualidade e consistência na construção de seus relacionamentos interpessoais. Hoje temos mais facilidade para as coisas, mas cada vez menos conseguimos dar sentido a tudo.

Matéria de Paula Costa Bonini
Folha de Londrina, Opinião, p. 3, 15/07/2010.

Linguagem e Tecnologia: novo GT da ANPOLL

Durante o XXV Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística (ENANPOLL), realizado semana passada na UFMG, foi aprovada a criação de um novo Grupo de Trabalho (GT).

Trata-se do GT Linguagem e Tecnologia, coordenado pela Profa. Dra. Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva (UFMG) e do qual também faço parte.

Na proposta de criação do GT consta que, "inicialmente, os trabalhos se concentrarão em conhecer o próprio campo e suas diversas linhas temáticas, tais como: estudos sobre hipertexto; descrição de gêneros digitais; literatura e informática; recursos didáticos impressos e virtuais, estudos sobre multimodalidade; ensino mediado por tecnologia; interação mediada por tecnologia; ambientes de ensino-aprendizagem mediados por recursos tecnológicos; tecnologias e mediação de experiências multilíngues; aprendizagem colaborativa on-line; formação de professores; novos letramentos/letramentos digitais e formas variadas de apropriação tecnológica em contextos escolares e não-escolares".

O círculo do mal da educação brasileira, artigo de Paulo Ghiraldelli Jr.

Paulo Ghiraldelli Jr. é filósofo, escritor e professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)

Quem sai de um curso de licenciatura de uma faculdade particular, não raro se dirige ao mercado de trabalho e, se continua a vida no que se formou, acaba trabalhando como professor na escola pública ou particular de ensino básico. O egresso da universidade pública, por sua vez, se dirige para o mestrado e depois para o doutorado e, então, volta como professor para a universidade pública.

Esse círculo nada virtuoso está longe de qualquer abalo. Ao contrário, ele parece que até está se tornando a regra geral, com poucas exceções, em nosso país.

A hora-aula do professor do ensino público básico está em torno de sete reais. Não há uma profissão mais mal remunerada que a de professor do ensino público básico e, por isso, com tamanha falta de atratividade por parte da escola básica, os mais bem formados como professores nem pensam em trabalhar nela.

Os que se formam nas licenciaturas das universidades públicas podem não ser gênios eruditos, mas rapidamente se percebem tão melhores que a maioria dos formados em faculdades particulares que, então, desistem logo de ir para o mercado de trabalho da profissão. Os desejosos de exercer a profissão, nessa elite, se encaminham rapidamente para o ensino superior público onde iniciam com o salário que seria o correto - e talvez o mínimo - para o professor da escola básica.

Como prioridade, não há qualquer medida a ser tomada para a melhoria da educação brasileira que não seja a de se tentar quebrar esse círculo maldito. O professor melhor formado precisa voltar para o ensino básico público. Para que o recém-formado na universidade pública se dirija à escola pública e lá fique trabalhando, o salário precisa ser equiparado ao salário de entrada na universidade pública. Fora disso, conversar sobre política educacional no Brasil é perda de tempo.
[...]

Leia na íntegra o artigo do autor no JC e-mail 4048, de 08 de Julho de 2010 em http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=72029

II SNEL - Seminário Nacional em Estudos da Linguagem (UNIOESTE-Cascavel)

O II Seminário Nacional em Estudos da Linguagem (II SNEL), proposto pelo Colegiado do Curso Letras e pelo Programa de Pós-graduação Stricto Sensu - Mestrado em Letras, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, é um evento acadêmico-científico que tem por objetivo congregar pesquisadores da área da Linguagem, atuantes no Brasil e no exterior, para discutir, refletir e divulgar a produção científica, acadêmica, técnica e cultural em Letras, Línguística, Literatura e áreas afins.

As inscrições com apresentação de trabalho deverão ser realizadas até 15/07/2010.

Os interessados em participar SEM apresentação de trabalho terão até o dia 30/09/2010 para realizar a inscrição.
 
Maiores informações: http://www.unioeste.br/eventos/iisnel2010/

Professor da UnB critica a formação de doutores no Brasil

No último dia 10, os consultores do Centro de Gestão de Estudos Estratégicos (CGEE), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, apresentou um estudo que concluiu, dentre outros, uma taxa média de 11,9% de crescimento ao ano do número de doutores no país.

Para falar da expansão da pós-graduação no Brasil, a ADUNB entrevistou o professor do Departamento de Biologia Celular, Marcelo Hermes-Lima. Confira a seguir trechos da entrevista:

- O estudo do CGEE mostrou que entre 1996 e 2008 o número de doutores titulados no Brasil cresceu 278%. O que o senhor acha da expansão da pós-graduação no país?
A minha visão é contrária à expansão da pós-graduação, especialmente do doutorado. A maioria das pessoas acreditam que o crescimento no Brasil - e na UnB também - é positivo. A taxa de aumento, alguns anos atrás, chegou a variar entre 10% e 20%, um crescimento chinês. E todo mundo comemora isso, exceto alguns poucos. Eu acho que é um crescimento exagerado. Aliás, responder isso agora ficou mais fácil, desde que o país entrou no chamado super aquecimento. Esse crescimento de 9% ao ano o qual o país não suporta, já que não temos estrutura física para tanto bussines. E a mesma coisa acontece na pós.

- Como é essa comparação?
Para se ter pós-graduação são necessárias quatro coisas: os alunos, que querem fazer pós; os professores, que vão orientar e dar aula; os cursos e, claro, dinheiro. Dinheiro não tem sido o problema. Então o que acontece? Você tem um crescimento muito grande tanto no número de cursos, de alunos e de orientadores. Um olhar desatento, pensa "que bom!". Não. Muito pelo contrário. O país está andando para trás com esse crescimento exagerado da pós. Primeiro porque os professores têm uma capacidade finita de orientar. Antigamente, cada professor orientava cinco, hoje está orientando dez alunos. E isso causa uma queda da qualidade. Obviamente, você não consegue dedicar suficiente tempo para orientar esses alunos. Para formar doutores é preciso um trabalho artesanal. Eles têm que ser treinados, pois podem se transformar em orientadores no futuro. Além disso, nem todos têm capacidade de ser orientadores. Tem muita gente que não tem a formação técnica e a capacidade de orientar. E nem todo mundo tem a qualificação necessária para ser orientador de doutorado. E com esse crescimento exagerado, a pós está pegando vários professores que não têm a menor capacidade de orientar, mesmo que não queiram, porque vão pegar uns pontos a mais, vão ter uma promoção. Outro problema é a existência de alunos que não deveriam estar fazendo doutorado, porque não tem capacidade para isso.

- O senhor acredita, então, que nem todo mundo está apto a fazer um doutorado?
Sim. É curioso que hoje já entendemos que nem todo mundo deve fazer graduação. O candidato à presidência José Serra, por exemplo, está fazendo campanha pelo ensino técnico. A ideia é: o que adianta sair com um diploma de administração se você não vai administrar uma empresa? O problema é o mesmo no doutorado. Sendo muito otimista, acredito que metade desses milhares de alunos de doutorado é composta pelos que eu chamo de "doutores mobral", o doutor analfabeto, que mal sabe ler um artigo científico, quanto mais escrever. O Brasil quer formar doutores, então vamos formar de verdade.
[...]

- O senhor acha que essa situação se sustenta no futuro?
Seria sustentável se as pessoas vivessem para sempre. Mas as pessoas morrem, se aposentam. Essa política está completando 6, 7 anos. Começou na era FHC em que se estimulavam os pesquisadores a publicar. Na era Lula a pressão é para se publicar o máximo que puder. Então os estudantes que estão sendo formados agora e que estão sendo ultra pressionados não sabem fazer pesquisa direito. Está sendo uma formação a jato, massificada, e quero ver essas pessoas quando a minha geração morrer ou aposentar. Quero ver se eles vão dar conta do recado, porque eles não tiveram a formação necessária. E quero vê-los formando outros profissionais dentro dessa visão de mega-produção de baixa qualidade. A minha crítica não é à publicação. Sou "produtivista". Mas sou contra ao mega-produtivismo.

- O senhor acha que esse panorama é contornável?
O que está acontecendo no Brasil é uma farsa e uma fraude com dinheiro público. Se fosse algo que pudesse ser resolvido mudando a política, mas não é. Será um "dano irreparável". Eu diria hoje, sem problemas, que temos de 30 a 40 mil doutores "Mobral" no Brasil, disputando empregos. Qual o problema para o Brasil? Imaginamos o país daqui a quinze anos sem capacidade de fazer ciência de ponta porque toda a geração se aposentou e os atuais não foram formados adequadamente.

Leia a íntegra da entrevista no JC e-mail 4046, de 06 de Julho de 2010: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=71975

III Colóquio Internacional sobre Letramento e Cultura Escrita

De 5 a 8 de outubro, a Faculdade de Educação da UFMG realiza a terceira edição do Colóquio Internacional sobre Letramento e Cultura Escrita. Com o tema "Diversidade e diferença na educação: cultura escrita, letramentos, políticas linguísticas e identidades", o encontro pretende reunir pesquisadores brasileiros e estrangeiros em torno de discussões relativas à cultura escrita e ao letramento, assim como suas repercussões no campo do ensino e da pesquisa. Além de discussões teórico-metodológicas, o encontro visa favorecer a consolidação de grupos de pesquisa e colaborações acadêmicas entre programas de pós-graduação, no Brasil e no exterior.

Os interessados podem efetuar suas inscrições para apresentação de comunicações individuais até o dia 15 de julho.

Os trabalhos devem se organizar em torno de um dos seis eixos temáticos propostos:
1) A cultura escrita em ambientes escolares e não-escolares;
2) Dilemas e perspectivas em torno da alfabetização, da leitura e da escrita na escola básica;
3) Políticas linguísticas e ensino de línguas em contextos de comunidades com especificidades culturais e identitárias (povos indígenas, do campo, geraizeiros, quilombolas, vazanteiros, agricultores etc.);
4) A leitura e a escrita nas políticas e projetos de Educação de Jovens e Adultos;
5) A literatura nos processos de construção de especificidades culturais e identitárias;
6) Letramentos acadêmicos e formação de professores para a escola básica.

O resultado final será divulgado no dia 31 de julho e os participantes terão até o dia 10 de setembro para enviar o trabalho completo. Os demais interessados em participar do Colóquio podem efetuar sua inscrição até o dia 5 de outubro. Serão 200 vagas disponíveis no total.

Maiores informações: http://www.ceale.fae.ufmg.br/novidades_acao.php?catId=151&txtId=645

''Não existe consciência sobre importância da educação não formal'': entrevista com Maria da Glória Gohn

“Ainda não existe uma consciência sobre a educação não formal no país, um reconhecimento”, afirma a professora da Faculdade de Educação da Universidade de Campinas (Unicamp), Maria da Glória Gohn. Autora do livro “Educação Não Formal e o Educador Social: Atuação no Desenvolvimento de Projetos Sociais”, ela diz que ainda há resistência das pessoas contra a educação não formal, imaginando que as escolas perderiam “poder”.

Em entrevista ao Portal Aprendiz, Maria da Glória ressalta que a defasagem no ensino formal impede um olhar do poder público para a educação não formal.

Portal Aprendiz - Como a educação não formal contribui para a produção do saber?
Maria da Glória Gohn - Contribui na medida em que ela está presente nos campos que o indivíduo atua como cidadão. A concepção de educação não formal parte do suposto que a educação é um conjunto, uma somatória e articulação entre a educação formal, a informal e a não formal propriamente dita. Esta tem uma área própria, embora possa se articular com as outras duas. São aprendizados gerados ao longo da vida por experiências de participação em determinados processos.

Aprendiz - No que ela difere da educação integral?
Maria da Glória - A educação integral não foca em cruzamentos e articulações. Acaba sendo um conceito muito vinculado a habilidades necessárias a serem adquiridas para dar conta das adversidades da vida. Enquanto isso, a educação não formal está em um campo mais amplo, que advém de uma formação voltada para a cidadania. Coloca a questão dos valores, a importância de pensar a inovação e a criatividade. Com isso, retorna a temática da emancipação humana.

Aprendiz - Onde se desenvolvem as práticas de educação não formal?
Maria da Glória - Em locais onde há processos interativos que sempre têm uma intencionalidade. Poderá ocorrer no interior de um movimento social, entre aqueles que estão lá participando e reivindicando. Pode-se citar o movimento das mulheres, por meio do qual resultou em conquistas nas discussões sobre o lugar da mulher na sociedade. No caso de projetos sociais de ONGs, também tem um processo de aprendizagem, de diálogo, de gestão e de uma forma compartilhada de atuação.

Aprendiz - Qual é o papel do educador que atua nesse campo?
Maria da Glória - O papel é extremamente importante, porque sem a existência deles, simplesmente os projetos não existiriam. Muitas vezes não há uma programação e organização nos projetos como na escola, onde existem horários e as estruturas são disciplinadas por lei. O perfil desse profissional mudou um pouco com relação ao que tínhamos antes, que era a filantropia, o voluntariado assistencialista, o trabalho ocasional, mais ligado às mães ou a quem já se aposentou. Agora, temos uma parcela grande que é contratada para atuar profissionalmente.

Leia na íntegra a entrevista concedida a Desirèe Luíse para o Portal Aprendiz em http://aprendiz.uol.com.br/content/tresluhiho.mmp

Brasil forma mais doutores em humanas

Ciências exatas e da Terra caíram de 2º para 6º lugar entre as que mais geraram PhDs entre 1996 e 2008, diz governo. Humanidades puxam expansão da pós, o que compromete inovação tecnológica no país, diz presidente do CNPq

O doutorando brasileiro está cada vez mais interessado em Machado de Assis e menos em relatividade. Ao menos é isso o que sugere um novo levantamento do governo. Ele mostra que a expansão da pós-graduação brasileira é puxada, em primeiro lugar, pelo aumento de doutores nas humanidades, e não nas ciências exatas e biológicas. Em 1996, as ciências exatas e da Terra ocupavam o segundo lugar entre as áreas que mais formavam doutores no país, com 16,1%. Em 2008, caíram para o sexto lugar, com 10,6%. O tombo das engenharias foi menor. A área se manteve como a quinta que mais forma doutores, mas a sua fatia caiu de 13,7% para 11,4%. Redução similar teve a área de ciências biológicas. "Se olharmos as áreas que cresceram menos, elas ainda cresceram muito", diz Eduardo Viotti, que coordenou o estudo, realizado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. "É difícil criar doutorados em áreas de ciências exatas, da Terra e engenharias. Eles exigem laboratórios, não são cursos que precisam apenas de cuspe e giz", brinca.

"O custo mais baixo estimula as escolas particulares a abrir cursos nessas áreas. Os novos dados não me surpreendem", diz o especialista em política científica Rogério Meneghini, coordenador de Pesquisas do Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Opas-OMS). Não foi só por causa das particulares que o número de doutores disparou, porém. Nesses 12 anos, as universidades federais aumentaram em mais de cinco vezes o seu número de doutores. Em 2005, aliás, elas ultrapassaram as estaduais e se tornaram as instituições mais importantes na pós-graduação do Brasil. Algumas estaduais, porém, como a USP e a Unicamp, ainda concentram grande parte das matrículas no país [...]. E, apesar do crescimento das federais, o país ainda tem apenas 1,4 doutor por mil habitantes, enquanto os EUA têm 8,4, e a Alemanha, 15,4.

MUDANÇA DE RUMO - Para Carlos Aragão, presidente do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), a queda relativa na formação de quadros em ciências exatas é preocupante. "Formar cientistas e engenheiros é fundamental para que exista inovação tecnológica nas empresas", afirma. Além disso, pondera, áreas estratégicas para o país precisam dessas pessoas, como o programa espacial, o programa antártico, a política nuclear, as questões que envolvem clima, energia e agricultura e o pré-sal.

Segundo ele, o CNPq tem procurado apoiar a formação de engenheiros e cientistas lançando editais voltados para essas áreas, assim como facilitando o acesso a bolsas a alunos que se interessarem pelas áreas. "É necessário corrigir essa distorção", diz. Os especialistas concordam, porém, que pode acontecer um movimento natural de fortalecimento das áreas que envolvem números. "Nos últimos 20 anos o país não cresceu muito, não havia muito emprego ou interesse nas áreas de engenharia ou ciências da Terra. Direito, economia e administração, por exemplo, eram as áreas onde havia mais possibilidade de os doutores se empregarem", diz Viotti. Com a economia do país se aquecendo e com empregos sobrando nas áreas de infraestrutura, o próprio mercado de trabalho pode incentivar alunos a buscarem as áreas de exatas, portanto.

(Matéria de Ricardo Mioto para a Folha de São Paulo, 04/07/2010)

Lançamento do Edital 2010 Prodocência (Programa de Consolidação das Licenciaturas)


Acesse o Edital e maiores informações em www.capes.gov.br/educacao-basica/prodocencia.

2° Colóquio sobre Hipertexto, CHIP – EaD em tela (UFCE)

O 2° Colóquio sobre Hipertexto, CHIP – EaD em tela, ocorrerá de 05 a 06 de agosto de 2010 (quinta e sexta-feira) na Universidade Federal do Ceará (UFCE).

É promovido pelo Grupo de Pesquisa Hiperged (Hipertexto e Gêneros Digitais), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Linguística (PPGL), do Departamento de Letras Vernáculas da UFCE, com apoio do Mestrado em Linguística Aplicada da Universidade Estadual do Ceará (UECE).

Inscrição com apresentação de trabalho: até 15 de julho.

Maiores informações: http://coloquiosobrehipertexto.blogspot.com/