Uma recente pesquisa publicada pela instituição britânica Cranfield School of Management concluiu que a abreviação das palavras na internet vem prejudicando os adolescentes no aprendizado do inglês. O estudo entrevistou 260 alunos entre 11 e 18 anos, e 39% deles admitiram que a ortografia digital atrapalha o uso correto do idioma, principalmente quando é preciso soletrar as palavras. No Brasil ainda não há uma pesquisa similar e os resultados da investigação britânica não podem ser importados para a realidade brasileira. "Até porque nossa tradição de ensino não usa a soletração como uma condição para aprender escrita e leitura", diz o prof. Claudemir Belintane, linguista e educador da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). Mas a preocupação com a influência do internetês na escrita também existe aqui e é legítima, já que os adolescentes passam horas navegando no computador.
Estudos realizados no Brasil revelam que a linguagem digital só influencia o aluno que não possui uma formação ortográfica sólida e é alienado no ambiente virtual. Para os pesquisadores, o importante é a escola identificar este aluno, orientá-lo e explicar que mesmo dentro da internet existem gêneros diferentes de escrita, que precisam ser respeitados, de acordo com a finalidade e o interlocutor. "O desafio da escola não é censurar os meios digitais, e sim pensar sobre como trabalhar a variação linguística e os diferentes gêneros de textos, inclusive na rede; algo que poucos professores fazem", diz diz Roberta Caiado, professora de português, diretora de pós-graduação e pesquisa da Universidade Salvado de Oliveira (PE), e autora do estudo "A Notação Escrita Digital Influencia a Notação Escrita Escolar?" da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Para que isso seja possível, afirma, "é preciso que os docentes naveguem mais pelas ferramentas da internet". A pesquisa de Roberta acompanhou a escrita de adolescentes de 14 anos na internet e foi iniciada depois que a professora flagrou abreviações como "hj", "naum", e "vcs" em textos escolares.
Leia na íntegra a reportagem de Vanessa Costa Santos para o Site Instituto Claro em http://www.institutoclaro.org.br/observatorio/noticias/detalhe/linguagens-de-jovens-na-web-trazem-novos-desafios-aos-professores-de-portugues