Computadores chegam às escolas públicas, mas não à sala de aula

Apesar dos computadores terem chegado às escolas públicas do País, o uso da ferramenta e da internet ainda é tímido e conservador. A análise é dos responsáveis pela pesquisa TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) Educação 2010 realizada em 497 instituições de ensino de ensino municipais e estaduais de todas as regiões urbanas do Brasil. Divulgado nesta terça-feira, o estudo do Comitê Gestor da Internet no Brasil identifica usos e apropriações das TICs nas escolas públicas brasileiras.

De acordo com a pesquisa, 100% das escolas pesquisadas têm computadores e 92% contam com acesso à internet (87% têm banda larga). Porém as atividades mais realizadas pelos professores com os alunos – exercícios para prática e fixação do conteúdo, aula expositiva e interpretação de textos – são as menos praticadas com as máquinas.

Segundo os 1.541 professores de português e matemática entrevistados, as atividades mais praticadas são ensinar os alunos a usar o computador e a internet (66%), realizar pesquisas (44%) e projetos ou trabalhos sobre um tema (43%).

Atividades propícias para serem feitas com o uso do computador, como intermediar o contato dos alunos com especialistas e agentes externos (20) e realizar trabalhos colaborativos entre os alunos são práticas menos utilizadas.

Leia a íntegra da matéria de Marina Morena Costa para o iG em http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/computadores+chegam+as+escolas+publicas+mas+nao+a+sala+de+aula/n1597126901899.html

A virada na formação


O Brasil forma, atualmente, mais professores para a educação infantil e para o fundamental 1 pela via do Ensino a Distância (EAD) do que pela educação presencial. Dos 118.376 estudantes que concluíram essas habilitações em 2009, 65.354 (55%) graduaram-se por EAD, contra 52.842 (45%) egressos da educação presencial, de acordo com números do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Esse resultado é inédito e confirma uma tendência já evidenciada na série histórica iniciada em 2005. Daquele ano até 2009, a quantidade de concluintes pelo modelo presencial decresceu, ano a ano, com queda de quase 50% no período (de 103.626 para 52.842). Ao mesmo tempo, a quantidade de formados por EAD cresceu, aproximadamente, 464% (de 11.576 para 65.354).

Também no que diz respeito à quantidade de docentes em exercício na Educação Básica que estavam matriculados em cursos de pedagogia, aqueles oriundos da formação a distância eram maioria em 2009, segundo dados do Ministério da Educação (MEC). Das 192.965 matrículas, 60% eram em EAD. Em outras licenciaturas, letras, matemática, história, a lógica se inverte. Porém, a diferença a favor do presencial varia caso a caso e, em muitos deles, é inexpressiva.

Em números absolutos, o ensino presencial responde pela maioria dos docentes, mas em termos percentuais, ou seja, como tendência, EAD cresce mais. Entre 2000 e 2009, licenciaturas nesse segmento saíram de 1.682 matrículas para 427.730. No presencial, foram de 836.154 para 978.061. Expansão entre 2000 e 2004 e retração de 2005 a 2009.

Outro dado relevante refere-se à evasão (ao analisar a quantidade das matrículas e o número de concluintes). Com base nos dados de 2009, em EAD, 20% dos matriculados se formaram (88.194). No presencial foram 19% (188.807). Os dados de formados se referem aos ingressantes de quatro anos antes.

Universo pantanoso
O fato de termos mais pedagogos e substancial quantidade de professores da Educação Básica graduados integralmente ou obtendo qualificação continuada, mestrado e doutorado a distância exige reflexão. Implica mensurar qual é o crescimento real desse ensino, especialmente, no tangente à licenciatura. Nem entidades civis nem o governo têm acompanhado com precisão essas modificações. Em termos de levantamento quantitativo educacional, relacionado aos docentes, as estatísticas não se consolidam numa instância única. Os estudantes do Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor) e da Universidade Aberta do Brasil (UAB) são de responsabilidade da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes. Demais alunos, oriundos do setor particular, assim como egressos dos sistemas estaduais do Ensino Superior, são contabilizados pelo Inep. Cada um dos níveis executivos governamentais tem maneiras distintas de realizar suas verificações com questionários próprios, softwares exclusivos (como a plataforma Paulo Freire) e necessidades particulares de averiguação da informação. O MEC oferece tais dados, mas não há uma mensuração final dos resultados.

A expansão em EAD requer, ainda, verificar quais medidas são adotadas para adequá-la às necessidades dos alunos brasileiros, particularmente, àqueles na graduação, período educacional composto, em tese, por jovens (entre 18 e 24 anos de idade), sem experiência prévia de trabalho, muitas vezes, com formação precária no ensino fundamental. Neste cenário, surgem algumas perguntas: A educação a distância garante uma boa formação pedagógica desses alunos? O país está apto a adotá-la maciçamente como maneira de suprir a carência de professores? E esse professor terá qualidade para educar?

Leia na íntegra a matéria de Udo Simons para a Revista Educação, edição 172, em http://revistaeducacao.uol.com.br/textos.asp?codigo=13179.